“Fábrica americana”, uma aventura entre duas culturas

Fábrica americana, um documentário entre duas culturas
Fonte: divulgação

Produzido pelo ex-presidente americano Barack Obama, e candidato ao Oscar, o documentário Fábrica Americana tematiza a região industrial do estado de Ohio, nos Estados Unidos, onde milhares de empregos sumiram da noite pro dia por conta do fechamento da fábrica da General Motors. Com salários bons e empregos estáveis, a fábrica era o grande motor e a razão de existir da comunidade, um ode ao sonho americano.

Depois de tempos sobrevivendo em clima de terra arrasada, a região recebe a notícia da chegada de uma grande fábrica chinesa de vidros para carros, a Fuyao. De início, como era de se esperar, ela representou um sopro de esperança para a comunidade. Mas nem tudo corre como planejado. O filme passa a retratar as enormes divisões culturais entre os trabalhadores americanos e os donos e chefes chineses com grande sensibilidade.

Apesar das diferenças e de que este seja um documentário americano, os diretores Steven Bognar e Julia Reichert conseguem oferecer a quem assiste um trabalho neutro, na medida do possível. Mostra de forma muito interessante a forma de trabalhar dos americanos e o choque dessa cultura com os chefes e superiores chineses, que de tempos em tempos fazem visitas à fábrica. Desde condições de trabalho ao prazo de férias anuais a que têm direito, as diferenças são enormes.

Resolvendo as diferenças

Um dos conflitos principais retratados é o esforço pela criação de um sindicato, que sofre enorme oposição da diretoria. O presidente da empresa chega a dizer que, caso a proposta siga adiante, a unidade terá de ser fechada. É aí que o documentário faz a transição para uma segunda metade mais melancólica, em que os impasses são múltiplos e inevitáveis.

Ao longo de 110 minutos, a pergunta que os idealizadores fazem parece ser: no século 21, duas culturas tão distintas são capazes de trabalhar juntas em prol de um objetivo comum? É possível deixar diferenças de lado quando se trata de trabalhar lado a lado? O que o filme deixa claro é que, por si só, investimento externo não faz milagres, e os desafios de integração e adaptação podem ser enormes. E isso, o documentário faz muito bem — não é à toa que vem recebendo tantas premiações.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.