“Chernobyl” e o efeito nefasto das grandes mentiras

A minissérie Chernobyl, da HBO
Fonte: divulgação

O timing não poderia ser mais ajustado para assistir Chernobyl, produção em formato de minissérie que vem se tornando uma das especialidades da HBO. Com apenas 5 episódios, a série criada por Craig Maizen consegue ser cativante e por vezes assustadora, e não é por acaso que recebeu diversos prêmios ao conseguir retratar com primor os horrores do desastre ocorrido na usina atômica no norte da Ucrânia.

Assim que inicia, somos jogados rapidamente ao xis da questão, minutos antes do reator principal explodir e o desastre tomar rumos até então inimagináveis. Dali pra frente, vemos as primeiras horas depois da explosão, um terror que é compartilhado pelos diferentes personagens da trama, seja os mais próximos da usina, políticos distantes ou mesmo pesquisadores e especialistas em países vizinhos.

Conforme a série avança, o horror inicial dá lugar a momentos de pavor e de muita ação. De fato, é muito difícil imaginar algo mais urgente do que uma usina nuclear prestes a explodir. Ficamos sabendo que o desastre poderia ter sido muito pior, e isso só não ocorre graças à ação de trabalhadores de imensa coragem, que conseguiram evitar maiores problemas. Esse momento é crucial, e tem ligação direta com o último episódio desta minissérie, quando observamos  com maior nitidez as visões divididas entre passado e presente, além de peças do mistério que aos poucos vão se encaixando.

Os cinco episódios são quase como pequenos filmes. A carga pode ser tão pesada que você não vai achar estranho se preferir assistir aos poucos e preparar a mente em vez de emendar um atrás do outro. Afinal, este não é um horror artificial, mas um acontecimento real que afetou a vida de milhões de pessoas, nada menos do que o maior desastre nuclear da história da humanidade, ocorrido na primavera de 1986. No atual contexto geopolítico, esse é um assunto que chama novamente atenção.

É preciso ainda elogiar a atenção ao detalhe dos produtores em todos os cenários. A reconstrução dos lugares, as roupas dos personagens e as locações são de tirar o fôlego. Há ainda uma enorme sutileza no momento de apresentar os dramas pessoais dos atingidos, o que torna tudo mais realista. Para os tempos em que vivemos, é uma ótima lembrança sobre as duras consequências das grandes mentiras.

 

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